terça-feira, 12 de agosto de 2008

A morte


Pois, Tema tabu. É verdade que a morte sempre me incomodou. Muitas vezes incomodou-me por não me incomodar. Se calhar a maior parte das vezes. Outras houve em que me destroçou.

Em 3 meses tive a infeliz oportunidade de ver morrer mais crianças que todos os anos anteriores. Uau. E vim eu para cá para isto? Sim, acho que também. Todas as crianças que põem o pé nesta unidade têm a morte à sua espera. Não exagero. Todas elas, têm uma esperança de vida que vai de poucas horas a alguns meses. Ninguém tem anos de vida pela frente. Outras ainda não nasceram e já as confrontamos com o dia zero. É duro. Principalmente porque estamos com elas 12 horas por dia e vivemos os seus percalços com a sua família. Muitas vezes causamos a morte. Uma roleta russa, de facto. Activação, remissão, transplantação, reactivaçao, imunoterapia para colocar em remissão, com a imunodepressão reactivação de herpes, com eles reactivação da doença, agora para tratar virus precisamos de linfócitos.... que destruimos....se tivermos linfócitos temos mais activação de doença.....

Mas, de facto, é impressionante pensar que 100% destas crianças, lindas e adoráveis como tantas outras (mais pas comme un gamma de 9 mois, trop mignon...), teriam morrido há uns anos atrás. Não muitos. A maior parte, fora de dois ou três centros especializados, continua a morrer. É isto que me faz correr. Isto e o facto de não me perturbar. e não me desviar do meu caminho. Consciente.

Será?

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