sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Final Fantasy


Um disco único, cheio de melodias que ensurdecem os mais atentos ouvidos.
Obrigado pela insistência, MC

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

BABEL


Babel. Confusão para uns. Porta de Deus para outros.
Diferentes linguas. Diferentes mundos. Diferentes culturas. Impossível coabitação.
Eis o retrato de Iñarritu do Séc XXI, suportado pelos conceitos bíblicos.
Apesar de um pouco distante do perfeito "Amores perros", este filme psiquicamente violento vai merecer um lugar na prateleira dos grandes filmes do ano.

O castelo

Da Praça do comércio até à Sé.
Da Sé um pulo até ao castelo.
Um vulto dirige-se para a luz que paranoicamente o atrai.
.
Dirigido, sob a sombra das árvores, avança confiante para a salvação.
Pensará que gostaria de ter pensado mais durante a vida?
Ou pensará que o pensamento o fez pôr tudo em causa?
Morte ao pensamento!

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
como todas as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
.
Álvaro de Campos, Todas as cartas de amor são ridículas

She wants revenge

Outro álbum que por estes dias me sossega a mente.
Será sossegar o verbo certo?
.
"It's only just a crush, it'll go away It's just like all the others it'll go away Or maybe this is danger and you just don't know You pray it all away but it continues to grow I want to hold you close Skin pressed against me tight Lie still, and close your eyes girl So lovely, it feels so right I want to hold you close Soft breasts, beating heart As I whisper in your ear I want to fucking tear you apart" Tear apart

Clap your hands say yeah




Impossivel recomeçar com um álbum mais intenso que este.
Resta saber se o sucessor é tão imponente. Calculo que seja.

http://www.clapyourhandssayyeah.com/

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Assim, sem nada feito e o por fazer
Mal pensado, ou sonhado sem pensar,
Vejo os meus dias nulos decorrer,
E o cansaço de nada me aumentar.
.
Perdura, sim, como uma mocidade
Que a si mesma se sobrevive, a esperança,
Mas a mesma esperança o tédio invade,
E a mesma falsa mocidade cansa.
.
Tênue passar das horas sem proveito,
Leve correr dos dias sem ação,
Como a quem com saúde jaz no leito
Ou quem sempre se atrasa sem razão.
.
Vadio sem andar, meu ser inerte
Contempla-me, que esqueço de querer,
E a tarde exterior seu tédio verte
Sobre quem nada fez e nada quere.
.
Inútil vida, posta a um canto e ida
Sem que alguém nela fosse, nau sem mar,
Obra solentemente por ser lida,
Ah, deixem-se sonhar sem esperar!
.
Fernando Pessoa, "Assim, sem nada feito e o por fazer"

sábado, 30 de dezembro de 2006

De volta ao farwest.....


Porque não foi capaz de se contentar apenas com estátuas?
Repugnante início de fim de semana este, onde não houve sequer direito à indignação.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

A luz

Há luz.
Haverá sempre uma luz que anuncie o caminho.
Poderemos algum dia viver sem ter uma luz que nos indique o caminho?
Poderemos, perdidos no meio da anarquia do dia comum,
Acreditar que haverá sempre essa LUZ?

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Um dos melhores álbuns que me passou pelas mãos no ano de 2005.
.
.
"Take all your reasons and take them away
To the middle of nowhere, and on your way home
Throw from your window your record collection
They all run together and never make sense
But that's how we like it, and that's all we want
Something to cry for, and something to hunt"
"Looking for astronauts"- Alligator
Chocante velocidade que marca o turbulento dia-a-dia
e que torna tudo um pouco acidental.
Alguém empresta uma réstia de lucidez?

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Ode ao sentimento e à ausência de sentir

Gostaria de sentir o que sinto.
Mas se o sinto, porque não sinto?
Se o sentimento é sentido, o que faltará para sentir o que sinto?
Poderei sentir-me desprovido de sentimentos?

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

"Les personnes qui vivent avec rapidité et précipitation perdent facilement le contrôle de leurs impressions et succombent à des émotions et à des motivations inconscientes. L'exercice d'un art quelconque (peindre, écrire, composer) leur ferait le plus grand bien, à condition toutefois de ne pas tendre à un but, mais de se laisser aller, librement et sans entraves, à leur imagination. Le processus autonome de l'imagination fait immanquablement remonter ces choses qui avaient franchi, en bloc, le seuil de la conscience. En un temps comme le nôtre, où les hommes sont quotidiennement assaillis par les choses les plus monstrueuses, sans pouvoir analyser leurs impressions, en un tel temps, la production esthétique devient un régime diététique. Néanmoins, tout art véritablement vivant sera irrationnel, primitif et complexe ; il utilisera un langage secret et léguera non pas des documents édifiants, mais des documents paradoxaux. »"
Hugo Ball


1. Há dois dias atrás falava com uma pessoa que considero muito e uma das coisas que abordámos foi a falácia de sermos considerados seres racionais. De facto, tenho que concordar, somos 90% seres emocionais e talvez 10% racionais. E mesmo esses 10% são usados para nos satisfazer emocionalmente....
2. A grande vantagem da racionalidade é que nos permite, "En un temps comme le nôtre, où les hommes sont quotidiennement assaillis par les choses les plus monstrueuses, sans pouvoir analyser leurs impressions", usá-la para, no minuto em que esperamos o metro, no segundo em que esperamos que entre o próximo doente, ou até na hora em que o café demora a chegar, pensarmos na vida e nas pessoas que nos rodeiam. No dia em que nos tirarem essa racionalidade, aí sim, morreremos...
Obrigado, anónimo.

Lá bem no fundo haverá sempre algo mais.
Terei vontade suficiente para descer?
E terei coragem?
Uma homenagem merecida ao meu conterrâneo, JP Simões. Quem precisa de mais destaque, afinal? Um álbum de bossanova cantado em português (sim, o nosso português). Uma sonoridade maravilhosa que merece ser ouvido e reouvido. Vezes sem conta.
.
"tinha-te a ti, tinha-te a ti, tinha paz, num país que era ainda sonho,
onde a tristeza não tinha lugar, pois era uma canção que não te ouvi cantar!"
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"No tempo das crianças não se pode chorar, nada e ninguém é infeliz,
tudo é giz a desenhar cidades"
Micamo, 1970
www.jpsimoes.com

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Cheira estranho!
Mas cheira bem?
Estás diferente!
Mas estou bem?
Não te conheço assim!
Mas valerá a pena?
O que se passa aí, nesse pedaço de mundo interdito ao exterior?
Mas não é interdito?
Um filme genial, com uma sucessão de emoções vertiginosa.
A vida como ela é, crua e com poucos arranjos, numa demonstração de frieza do seu realizador, Jonathan Caouette.

http://jonathancaouette.blogspot.com

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Aquela árvore seca manteve a postura.
Discreta, continuou calma enquanto as forças faltavam.
Não culpou ninguém.
Não pediu a ninguém que arranjasse um culpado.
A vida para ela simplesmente terminara,
apesar do calor do sol que passava através da janela
continuar a aquecer os troncos outrora vigorosos...

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Mais um álbum que retirei da minha memória que tem momentos inesquecíveis, como a música de abertura, Needle in the hay.